A Difícil Arte de Estar Junto...

Relacionamentos conturbados... friend zone...  solidão... tristeza... relacionamentos relâmpago... mais solidão... “amigos”... baladas... “ficadas”... amizades coloridas e em todos os tons de cinza... e depois, mais solidão...

E de quem é a culpa? O.o...

Fiquei pensando, mais uma vez sobre essa questão...  e vejo que a humanidade anda em círculos... alguns raros seres pensantes e providos de verdadeiros sentimentos, conseguem sair do círculo vicioso do lugar comum, desferem um golpe certeiro nos padrões inexatos de uma sociedade fútil e falida, e descobrem que é possível viver além das fronteiras impostas pela desvalorização da vida...

Sim... porque, quem vive de acordo com as futilidades da sociedade moderna e vazia, desvaloriza a vida da pior maneira possível...


Eu tenho essa mania rabugenta de “esculachar” a sociedade... na verdade gosto de pensar que não faço parte desse insano lugar comum de pessoas que transitam pela vida, sem saber o que exatamente querem da vida... ou melhor... pensam que sabem e vivem em busca de quimeras...

Fiquei irritada porque aquela rede social arbitrária e insana deletou um post meu, sobre um casal que depois de viver um casamento de 75 anos, morreu junto... de velhice... complicações naturais da idade... mas, vamos combinar... eles estavam em torno dos 95 anos...

Um século!!!!

Segundo as reportagens, eles se conheceram quando tinham  8 anos de idade... e viveram felizes para sempre... para sempre mesmo, porque nem a morte os separou...
Alexander, 95 anos, e Jeanette Toczko, 96 morreram abraçados, no mesmo dia, com algumas horas de diferença, apenas...

Tenho pensado muito nessa história... pesquisei e descobri que existem alguns raros casos de pessoas que abraçaram de corpo e alma o final feliz...

Mas histórias felizes  não rendem pontos de audiência... ¬¬ ... esse fato, por si só, já demonstra em que nível andam as mentes humanas... ¬¬

E quando observo todas essas ações e situações humanas, aqui do meu casulo, não consigo ser imparcial...

E de quem é a culpa? O.o

De quem não assume a responsabilidade pela própria vida... simples assim...

Não tem nada a ver com religião... com crenças, credos... ou seja lá mais o que for... tem a ver com escolhas...

Desde que o mundo é mundo que o ser humano quer colocar na conta do sobrenatural a responsabilidade pelos seus problemas... Quer soluções prontas sem ter que arregaças as mangas...

Mas nada nesse mundo é perfeito... [ eu disse nesse mundo... >.< ... ] e provavelmente, essas pessoas que viveram juntas e felizes apesar das diferenças, descobriram que existe em cada um, uma força que se chama superação...

Eles descobriram um jeito de fazer a vida ser feliz... descobriram um jeito de fazer a engrenagem funcionar... e apesar dos pesares, eles descobriram o que a maioria não descobre, porque a maioria procura a “coisa” errada, de forma errada...  a maioria cria um mundo fictício onde felicidade é algo que se compra em alguma loja, se você tiver dinheiro pra isso...

Mas o dinheiro acaba...  e o produto que está dentro da embalagem nunca é o que se pretendia comprar... e não é possível trocar ou devolver...  Esse produto não vem com manual de instrução nem certificado de garantia... é frágil, mas o vendedor não avisa, porque nem tem conhecimento...  e se tem, não se importa, afinal, não é problema dele...

E a sociedade humana permanece se amparando em valores equivocados e duvidosos...

As diferenças entre as pessoas são um fato natural... mas não são aceitas com essa tranquilidade que as pessoas tentam mostrar publicamente...

Diferenças existem porque somos  seres individuais, e essa conversa de “somos todos um”, é mal interpretada, mal compreendida e mal utilizada...

Ser UM com alguém é compreender que apesar das diferenças, ou da impossibilidade de continuar ao lado daquela pessoa, o sentimento bom que os aproximou, nunca vai deixar de existir...

Ser UM com alguém, é ter objetivos, ideias e ideais em comum... 

Ser UM com alguém é querer caminhar  pela mesma estrada... e querer construir algo junto...

Ser UM com alguém é querer superar aquela diferença que incomoda... mas que não é suficiente pra “fazer o mundo acabar”...

Mas não é só um aspecto do comportamento humano que infelicita a vida do mesmo...  é o conjunto das características comportamentais humanas, estruturado em uma percepção equivocada sobre a própria vida, que o empurra para esse abismo de solidão em que se encontra o homem moderno...

A solidão é uma doença que não atinge apenas relacionamentos entre casais... é um fenômeno que abrange todos os níveis de relacionamentos possíveis entre as pessoas.  Pais que não educam filhos, irmãos que não se entendem, colegas de trabalho mal conseguem disfarçar a inveja, vizinhos que não se respeitam... a lista é longa, infelizmente...

Na sociedade moderna as pessoas:-

1 – são dissimuladas, o sorriso é apenas um adorno inexpressivo de almas incapazes de expressar 
seus sentimentos, quando os têm, muito bem entendido...

2 – estão sempre em busca de realizações materiais absurdas, como viver uma vida de  “gente rica” sem fazer esforço algum... sem trabalhar...

3 – estão sempre em busca do corpo perfeito, do rosto sem rugas, dos cabelos eternamente “coloridos” ...

4 – sempre se comportam como se envelhecimento fosse pecado, crime, ou seja lá mais o quê...

5 – acham normal a falta de educação...

6 – vivem uma vida de faz de conta nas redes sociais, [principalmente aquela ... ¬¬ ] porque não suportam o peso da solidão...

E se formos analisar minuciosamente, vamos perceber que os fatores podem estender-se ainda por muito tempo e espaço...

Não pretendo aqui fazer nenhum discurso “ista”, “ismo”, ou seja lá o que raios for... é apenas constatação... [e se eu quiser discursar, o espaço é meu... mas eu não tenho esse propósito... ¬¬ ].

As pessoas estão sofrendo, mas continuam fingindo...

Eu posso afirmar, sem um pingo de vergonha na cara, que fiquei desconcertada com o resultado da minha pesquisa... existem sim, pessoas que superam as dificuldades, as diferenças e descobrem que felicidade não tem preço, não tem cara, não tem cor... ou melhor, tem todas as cores... ^_^

Fiquei desconcertada porque eu nunca pensei que fosse desejar uma vida feliz nesse nível... eu estava feliz com a minha felicidade do jeito que estava... “Pera”... eu não disse que passei a ser infeliz por causa da felicidade alheia... eu apenas percebi o quanto a minha percepção sobre a felicidade era limitada... só isso...

Fiquei desconcertada porque eu joguei a toalha várias e várias vezes e achei mais fácil ser feliz sozinha do que construir um relacionamento...

Mas, diferentemente das massas que limitam a sua felicidade a ter um “marmanjo”  qualquer do lado [ou marmanja... ¬¬ ], eu preferi buscar respostas para a minha vida... para os meus questionamentos...

A vida fica muito pequena quando uma pessoa determina que a vida se resume a casamento ou relacionamento homem-mulher...  a mulher atrofia a própria inteligência quando decide que a vida só faz sentido se ela for mãe... e o homem... bem... infelizmente a maioria dos homens só usa os “sentimentos” do corpo... quando o “corpo” não atende aos seus caprichos, o sujeito fica com sérios problemas “emocionais”...

Mas... quem foi que estabeleceu essas normas? Quem foi que disse que tem que ser assim?
>.< ... Eu sei quem não foi...

As pessoas criam premissas que acabam por desvalorizar a vida.

Homens e mulheres que estão preocupados em encontrar o “amor perfeito” da sua vida... entenda-se aqui:- uma pessoa com o corpo “escultural” resultado de muita malhação em academia, rosto cheio de make ou coisa que o valha... “tem” que ter um rosto perfeito, um cabelo perfeito, usar roupas “perfeitas”... e por aí vai...

É fácil amar assim... só que esse amor é descartável... a embalagem pode ser cara e bonita... mas o conteúdo... ¬¬

Uma vez um amigo meu me disse uma coisa que me fez começar a questionar o caráter do ser humano propriamente dito... algo mais ou menos assim:-  “eu quero encontrar uma garota bonita... tem que ser bonita... eu não conseguiria me apaixonar por uma garota feia... “

Mas ele não foi o único de quem eu ouvi esse disparate... e pior... depois de um tempo, percebi que algumas amigas minhas falavam do mesmo jeito  -  homem tem que ser bonito... e claro, atualmente existe um outro adjetivo que considero o cúmulo do absurdo da vulgaridade  - o “gostoso”...

Tá... vamos combinar que dizer que um mousse de morango é gostoso, e totalmente diferente de dizer que fulano [a] é gostoso [a] ... me poupe... ¬¬

Sabe aquela pessoa que tomou banho de loja pra balada de sexta à noite, está com o “smartphone”  [ou seja lá o que for... ¬¬] mais caro da loja na mão pra exibir,   mas abre a boca e é nada a ver? ... 

Pois é... tem às “pencas” nas ruas e na chuva... graças aos céus esse vírus ainda não chegou nas fazendas... >.<

Eu tenho todo o tempo do mundo, mas esse povo não tem... quer tudo ao mesmo tempo agora, só que, pra ontem... mas a vida não tem pressa e não está nem aí para os caprichos humanos...

Relacionamentos precisam ser construídos... pelo resto das nossas vidas...

Seja qual for o tipo de relacionamento, precisa ser construído... não basta só acontecer... precisa de atenção e carinho...  e sim... relacionamentos “acontecem”... mas isso só não basta... é preciso construir o que não vem pronto e essa é a parte que exige mais dedicação de quem quer ser feliz de verdade...

Teremos que encarar aquele momento em que a vida vai exigir uma prova da nossa sinceridade... mas não é aquela coisa tola de “prova de amor”... a vida exige dedicação, abnegação, tolerância, compreensão, disciplina... a vida exige o exercício das nossas virtudes... e isso sim se chama sabedoria...

Não aquela sabedoria tola em que algumas mulheres se apoiam para justificar o silêncio frente ao desrespeito sofrido ao longo dos anos por parte de seus companheiros...

Uma pessoa certa vez me disse alguma coisa assim:- eu escolho ser feliz dentro da minha “gaiola dourada”... é uma vida de escravidão, mas eu tenho abrigo e comida na mesa... melhor assim, com o tempo tudo se ajeita,  e quem vai desfrutar os benefícios sou eu... “

E assim viveu durante anos, prendendo-se a um relacionamento vazio em nome de um conforto material...  

Na época eu era bem mais jovem que essa amiga, e ela já estava casada quando a conheci, os filhos já estavam contando por volta dos 13 a 16 anos... ela casara-se muito jovem... muito mesmo... e depois que terminamos o curso que fazíamos juntas, cada uma seguiu seu caminho...

Anos mais tarde, encontrei um dos filhos dessa jovem senhora... e as notícias não eram muito boas...

Ela simplesmente não conseguiu manter a “gaiola dourada” brilhando por muito tempo... estava doente não sei de quê, mas estava internada e não podia voltar pra casa, e o marido estava desfrutando de todos os benefícios com a “outra”... nem ele nem a “outra” pareciam estar se importando com a aprovação ou não dos próprios filhos e demais parentes...

A questão aqui é ambos estavam equivocados... ambos fizeram escolhas desastrosas porque motivados por  premissas de valores duvidosos...

Quanto à opinião dos meus amigos ali dos parágrafos anteriores, eu deveria ter argumentado com o velho “ditado” popular... >.<  :-

“quem o feio ama, bonito lhe parece... “

Porque geralmente quem exige muito, tem muito pouco a oferecer... ou sequer está preocupado em oferecer alguma coisa...  e beleza é um conceito muito personalíssimo, e se adapta à realidade dos olhos de quem vê...

Estar junto é permanecer ao lado apesar dos pesares... estar junto é superação...

Estar junto é querer acima de tudo, apenas estar junto...

Mas isso tudo envolve duas pessoas, não apenas uma... um relacionamento unilateral está fadado ao fracasso e só conduz as pessoas à infelicidade...

A ideia de que apenas um pode ter amor de sobra pelos dois, é muito atrativa e linda, contudo, as pequenas alfinetadas do dia a dia, como o egoísmo do outro, as futilidades, e todo o negativismo que venha a existir, acabam por ferir profundamente. É uma realidade inegável...

Creio que existem sim, pessoas com a capacidade de superar as diferenças, mas se essa capacidade não se desenvolve nas duas pessoas envolvidas, uma será apenas um parasita inútil drenando toda a vida do outro...


Estar realmente junto em todos os momentos da vida é uma arte que faz parte de uma arte ainda maior... a própria vida...




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