Mais um dia... Uma história... Um desabafo...

Depois de um "longo e tenebroso inverno", hibernando em outras esferas, volto a cutucar esse meu espaço que já estava cheio de teias de aranha... >.<

Depois de refletir um pouco, resolvi publicar um texto que foi escrito para ser enviado para uma determinada pessoa de destaque na vida pública e na mídia... Não sei se o meu texto vai realmente chegar ao conhecimento dessa pessoa...

Também não pretendo aqui citar nome de quem quer que seja...

Resolvi publicar pelo fato de ainda estar indignada com o que aconteceu e da maneira como aconteceu...

Normalmente, sou uma pessoa que gosta de publicar textos positivos e de auto ajuda, crônicas, poesias, letras de música, imagens... e tudo que possa ser esclarecedor, ou, pelo menos, em tese, contribuir para que o[a] leitor[a] se interesse em pesquisar e construir uma vida melhor...

Naturalmente, com o passar dos anos, tornei-me uma pessoa que busca a compreensão, que busca qualidade de vida, que busca o auto conhecimento e aprimoramento... enfim... eu creio que é possível a todo ser humano evoluir...

Mas... e pra tudo tem um "mas"... o mundo ao meu redor discorda totalmente da minha opinião... >.< ... seja no todo ou em parte...

Eu tenho sempre buscado trazer informação nos meus espaços... mas o momento atual da minha vida, apesar dos aspectos mais positivos que eu já vivi ao longo desses meus cinquenta e cinco [quase, quase cinquenta e seis] anos, está me mostrando que, definitivamente, eu não falo a mesma língua das pessoas que vivem ao meu redor...

Isso me lembra o título de um filme:- "Um Estranho no Ninho".


O nome do filme encerra muito mais conteúdo do que o enredo em si, contudo, o filme nos mostra, através de um personagem totalmente mal caráter, o quanto é perigoso pensar diferente do mundo ao seu redor...

Diga-se de passagem, todos os grandes pensadores que passaram por este planeta, de alguma forma, sofreram algum tipo de violência, desprezo, escárnio e indiferença...

Contudo, existe uma verdade que não muda nunca, apesar de toda a inversão de valores da sociedade moderna:-

A verdade dói...

E ela está lá fora... >.< ... calada e sorrindo, esperando só o momento certo de desabar feito um bloco de chumbo sobre a nossa cabeça...

Mas também está aqui dentro... igualmente esperando o momento certo de estampar um "sorrisão"naquela cara feliz de quem diz:- Peguei-te... >.<

Não estou falando da verdade relativa de cada um... de cada época... de cada grupo social... Mas existe sim, uma verdade absoluta que sobrevive a todos os caprichos humanos... e ela está em todos os lugares... 

Enfim, as próximas linhas retratam um fato vivenciado por mim, há poucos dias, e eu resolvi relatar nesse blog, única e exclusivamente para ter a sensação de que o mundo vai saber de mais uma realidade sórdida que se esconde atrás dos sorrisos felizes das propagandas na TV...

Muito embora, depois do ocorrido, eu tenha despertado a certeza de que, as pessoas, ou a grande e esmagadora maioria delas, não quer uma vida melhor... quer apenas a satisfação de caprichos transitórios, frívolos, fúteis e inúteis...

Porque, querer uma vida melhor, importa fazer por onde, importa em transformações pessoais... e eventualmente essas transformações são verdadeiras lutas com a que a borboleta tem que travar para sair do casulo...

A lagarta rasteja, mas um dia passará pelo processo de metamorfose que a permitirá voar.

Existem pessoas que simplesmente querem continuar como lagartas... 

Aqueles que estiverem dispostos, leiam a minha história e tirem suas próprias conclusões...

Boa Leitura



* * * 


Sr. [...] 


Gostaria de ter um pouco de sua atenção para o fato que estarei narrando nas próximas linhas.


Sei que o Sr. é pessoa deveras ocupada, contudo, preciso do seu favor no que e se for possível... De antemão, tenha a minha gratidão.


Dá-se o seguinte:-


Em novembro de 2014, fui agraciada com uma unidade do Programa Minha Casa, Minha Vida – do governo Federal em convênio com as Prefeituras e Caixa Econômica. Bom,  se não me falha a informação, é isso...


Fiquei feliz pois tal benefício não poderia ter vindo em melhor hora, muito embora eu tenha ciência de que existem pessoas em condições piores que as minhas.


Esse projeto, em tese, tem o objetivo de melhorar as condições de vida de pessoas de baixa renda, ou renda nenhuma, que é o meu caso.


Em tese, pressupõe-se que as pessoas beneficiadas têm em mente o desejo de uma vida mais digna, com mais qualidade.


Em tese... apenas em tese...  Na prática, não é bem assim que acontece, lamentavelmente.


Infelizmente, a realidade com a qual nos deparamos foi com a de um grupo de pessoas que não está, de forma alguma, preparado para um convívio social qualitativo.


Pessoas que, talvez, tenham perdido de vista sua condição humana e não se julgam capazes de investir em um modus vivendi adequado a essa condição.


E essas pessoas, provenientes dos mais variados lugares, vivendo sob as mais diversas e adversas condições, provavelmente, perderam de vista a possibilidade de viver de forma organizada, além do mundo restrito ao qual estão, ou, estavam, afeitas.


Pessoas que já não conseguem mais, ou não querem compreender que a cada “direito” corresponde uma  obrigação , e que, não existe “liberdade”, sem responsabilidade.


Infelizmente, existe sim, discriminação às avessas, por aqui. Errado é quem quer viver em um espaço organizado, limpo, civilizado e onde impere a educação, que, vamos deixar bem claro, não se confunde com o grau de instrução do indivíduo.


A discriminação parte justamente das pessoas que mais reclamam, sentem-se ofendidas  e  incomodam-se com a mesma discriminação.


Sentem-se agredidas e invadidas quando alguém as chama à realidade, fazendo ver que não estão sozinhos no condomínio e que todos têm os mesmos direitos e obrigações. Contudo, a partir do momento em que alguém pensa que seus direitos estão acima dos direitos de qualquer outra pessoa, o que aquele está requerendo para si, são apenas privilégios, e não igualdade perante a lei.


E essas pessoas não conseguem, ou não querem, discernir sobre o próprio comportamento nocivo ao grupo; a comunidade em que vivem, que é o condomínio. Porque, quando se fala em comunidade, logo essas pessoas se manifestam como se estivéssemos nos referindo à “comunidade” em tom pejorativo.


Esses equívocos interpretativos são lamentáveis e só dão margem a dissensões entre as pessoas. 

Contudo, é forçoso ver que tais ideias são alimentadas pela mídia e não há muito esforço por parte de quem quer que seja em desfazer esse nó de discórdia.


Estamos falando de um condomínio que possui mais de quatrocentas unidades. Uma população com uma gama bem variada de instrução e educação. Cito os dois fatores, porque, a meu ver são ideias e conceitos bem distintos em sua essência. Eu diria mesmo que é um mini bairro dentro de um bairro.


E para que haja um convívio social organizado e civilizado, todas as unidades são entregues já com uma  Convenção de Condomínio, documento esse que sabemos ser uma exigência legal. Todos os participantes do Projeto, quando chamados à Prefeitura para assinar os documentos legais, assinam também um termo que os obriga a cumprir as normas previstas na Convenção.


Mas esse cumprimento, simplesmente, não acontece.

Todos os dias nos deparamos com animais sem dono soltos dentro dos limites do condomínio, e também, pessoas que insistem em passear com seus próprios cães de estimação sem usar coleira; pessoas que jogam lixo no chão, cigarros pela janela, e som excessivamente alto, como se fosse obrigação de quem gosta de limpeza, organização e sossego, aguentar todo esse desmazelo.


Os argumentos são os mais variáveis, descabíveis , absurdos e surreais possíveis desde:-


- “Aqui não é zona sul”.


- “Estou dentro da minha casa e faço o que eu quero e dane-se o mundo... quem se incomoda que vá embora...”


- “ Eu respeito a Lei do Silêncio, então escuto minha música no volume que eu quiser...”


- “Pago minhas prestações pra ter quem limpe o condomínio... não é obrigação minha...”

(Visto que as prestações citadas são as referentes ao valor do imóvel junto à Caixa Econômica, não porém a taxa de condomínio; utilizada para pagar as despesas de água, luz, manutenção e limpeza do mesmo)


- “O filho é meu e quem manda sou eu...”


- “Criança tem o direito de brincar... é lei...” (Utilizando-se desse argumento como desculpa para não impor um limite quanto às crianças que berram excessivamente, que sobem as escadarias correndo, ou que até mesmo porventura vem à ‘brincar’ de tocar campainha, bater na porta e sair correndo e outros comportamentos similares.)


E por aí vai... E como o Sr. pode observar, de acordo com os argumentos utilizados,  o que não falta neste condomínio são pessoas “totalmente informadas e conhecedoras” de legislação  -  só não conhecem  e respeitam a normatização referente ao próprio lugar em que vivem atualmente.


Entretanto, o que nos parece é que essas mesmas pessoas são indiferentes, ou mesmo intolerantes a qualquer tipo de disciplina, ordem e civilidade, uma vez que, ao que tudo indica, era assim que estavam acostumados a viver até então, de forma que se sentem mais à vontade vivendo em meio a desordem.


Ao que tudo indica, essas pessoas não estão inclinadas a viver de acordo com normas de civilidade, para que se possa construir uma convivência harmônica e respeitosa.


Essas mesmas pessoas reclamam de discriminação, fazem acusações, mas parte deles mesmos a maioria das atitudes discriminatórias – é um círculo vicioso.


O fato é que, depois de quase dois meses “aturando” os desmazelos de um morador do  bloco no qual se situa a unidade a mim destinada, resolvi procurá-lo para que ele fosse razoável com o volume do som que costuma escutar... Veja bem, que é um hábito dessa pessoa...


Foi inútil, fui destratada, afrontada na minha dignidade e outras coisas mais que sequer convém relevar...


No dia seguinte procurei a Administração  do Condomínio para dar ciência do ocorrido, e solicitar providências,  mas eu, sinceramente, não saberia informar-lhe qual o objetivo da existência da referida junta administrativa. Não existe autoridade por parte dessas pessoas e eles simplesmente não querem se envolver com os problemas do condomínio.


A orientação do Síndico, segundo fui informada, é para buscar o auxílio do 190 a fim de resolver questões entre vizinhos.


Lavrei o ocorrido no livro, solicitando providência.


Liguei para o 190 no dia seguinte ao fato de ter procurado um entendimento com o tal morador - dia 21 de fevereiro de 2015. Liguei duas vezes, tenho dois números de protocolo, mas simplesmente, nada aconteceu.


Eu entendo que a Polícia Militar é ocupada, contudo,  uma das suas ocupações não é garantir a ordem e preservar a paz da “comunidade”? Corrija-me se eu estiver equivocada, afinal, o mundo passa por tantas transformações em um ritmo tão vertiginoso que eu posso estar pra lá de ultrapassada nas minhas ideias.


Quero deixar bem claro que a minha percepção de comunidade é ainda, a de um lugar onde pessoas se reúnem com o objetivo de  conviver de forma pacífica e harmônica, e não com esse sentido pejorativo e distorcido que é utilizado nos dias de hoje.


E o dito morador, persiste em sua atitude irracional e brada alto e bom som pra quem quiser escutar, mais exatamente, para que eu escute que  - “ Nem se chamar o Presidente da República ele vai deixar de escutar a “música” dele do jeito que bem entender...”


E ainda teve a desfaçatez de afirmar:-


“ A “Senhora” não sabe de onde eu venho nem quem eu sou... é melhor ficar quietinha na sua...”  


Não que isso me abale.  Expliquei para a atendente do 190 que gostaria que ele apenas fosse orientado a obedecer a Convenção de Condomínio e respeitasse o direito dos outros como ele quer ter o seu próprio respeitado...


E veja se não tenho eu razão ao afirmar que a discriminação parte exatamente de quem reclama que está sendo discriminado.


Esta mesma pessoa aludiu ao fato de que não estamos morando em Ipanema ou Leblon.


Então não temos o direito de querer fazer desse nosso lugar, um lugar tão bom de se morar como Ipanema ou Leblon? Ou até melhor?


Precisa ser pior? Precisa ser um lugar designado de forma pejorativa? De forma depreciativa?


Sinceramente, Sr. [...]  -  o projeto tem uma essência respeitável.  O que não está sendo respeitável é a essência das pessoas que estão sendo colocadas para viver conjuntamente, de forma indiscriminada, já que o objetivo seria realmente não discriminar.


Contudo,  existem aqui, pessoas que querem melhorar de vida... E também,  existem pessoas que não querem...


A sabedoria  popular e antiga nos ensina que basta uma única fruta podre em uma caixa para que as outras venham a apodrecer também.


O que ocorre é que essas pessoas que “a gente não sabe de onde vieram e quem são”, mesmo sendo a minoria por aqui, são as que têm atitude. Os demais moradores ficam à mercê de um milagre, pois são pessoas de idade, pessoas com criança pequena em casa, pessoas já fragilizadas pela brutalidade do lugar onde moravam antes, ou outras situações que lhes desestimulam intentar qualquer iniciativa que busque melhorias para a própria vida.


As pessoas de bem estão cansadas. Extremamente cansadas de situações reversas ao seu redor.


Eu não estou absolutamente falando em nome dos moradores. Falo apenas por mim mesma, ciente de que os demais poderão até aderir à minha causa, se se sentirem confiantes, confortáveis e , acima de tudo, protegidos.


Eu apenas falo do meu problema específico e conto dos problemas alheios que presencio ao meu redor.


As pessoas têm medo dessas outras pessoas que “a gente não sabe de onde vieram nem quem são”.


O Sr. é um homem culto, inteligente e letrado,  e poderá, sem sombra de dúvida, tirar  suas conclusões sobre o que lhe falei.


O meu pedido: -


Como posso proceder para que as leis sejam cumpridas aqui dentro?


Aliás,  é possível que leis venham a ser cumpridas em um território sem lei?


Como fazer pessoas que não querem ter obrigações e só querem usufruir privilégios – sim... privilégios – virem a cumprir leis e obrigações?


Estaria entre as suas possibilidades ajudar-me de alguma forma nesse impasse?


Seja trazendo essa história a público em seu programa, investigando a veracidade do que lhe falo, orientando-me na busca pelas autoridades competentes que realmente venham a se envolver com esse problema com o objetivo de encontrar uma solução civilizada, racional, coerente, sensata, como devem ser as deliberações  da sociedade.


Eu realmente não sei a quem recorrer.  Se nem mesmo a autoridade policial do 190 deu-se o trabalho de atender o meu chamado,  que poderia eu fazer?


Quem irá olhar por nós?


Quem fará justiça por nós?


Espero contar com a sua ajuda e sensibilidade.


Sem mais para o momento, aguardo sua resposta, deixando desde já meu agradecimento.






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